Mesa Redonda
Multiletramentos, tecnologias e ensino
Debatedora: Jacqueline Peixoto Barbosa (UNICAMP)
Ana Elisa Ribeiro (CEFET-MG)
As tecnologias digitais na sala de aula
A proposição de uma pedagogia dos multiletramentos já conta mais de 25 anos. Nesse intervalo de um quarto de século, ela não apenas teve forte presença na discussão sobre a formação de professores de línguas (e língua materna) no Brasil, como foi assimilada por documentos oficiais, a exemplo da BNCC, o que tem muitas consequências para a formação inicial e continuada de docentes, a produção editorial de livros didáticos e paradidáticos, as matrizes curriculares em todos os níveis de ensino e as avaliações de larga escala. Mas e as salas de aula da educação básica, em especial do ensino médio? Como nos apropriamos da noção de multiletramentos, em especial na tradução às práticas de ensino e aprendizagem? Nesta apresentação, vamos tocar especialmente no tema das tecnologias digitais em sua relação com a leitura e a produção de textos, levando em conta as condições em que atuamos em um país economicamente estagnado e politicamente instável, tal como em toda a América Latina. Também estarão incluídos temas atuais como a plataformização dos textos (da leitura, da escrita, etc.) e a tecnodiversidade (a fragmentação, as cosmotécnicas, etc.), aspectos que não costumam frequentar o debate sobre inclusão de TDIC na escola.
Márcia Mendonça (UNICAMP)
Reflexões sobre língua/linguagens e os multiletramentos: questões ético-pedagógicas
Os estudos sobre ensino de língua portuguesa no Brasil, especialmente os relativos às práticas de reflexão sobre língua/linguagens (análise linguístico-semiótica), têm focado em questões curriculares e pedagógicas como seleção dos objetos de ensino, articulação entre práticas de leitura, produção e reflexão, organização curricular, materiais didáticos, entre outras vertentes. Pouco foi explorado, porém, sobre a dimensão ética das práticas de linguagem desenvolvidas na escola. Isso ocorre a despeito de a Pedagogia dos Multiletramentos, proposta pelo Grupo de Nova Londres (NLG), já apontar, desde 1996, a necessidade de articular a dimensão da cidadania à formação escolar e às práticas de linguagem desenvolvidas nessa instituição, todas atravessadas pelo intenso uso das tecnologias digitais de comunicação e informação (TICs). Para essa perspectiva, convergem a BNCC (BRASIL, 2018) e, em alguma medida, os próprios documentos oficiais brasileiros daquela década (BRASIL, 1997; PCN). Diante de implicações recentes – positivas e negativas - advindas das interações no meio virtual (a força das fake news, o alcance exponencial dos discursos de ódio, o impacto dos ativismos sociais de grupos minoritários etc.), proponho, então, uma discussão sobre a dimensão ética da reflexão sobre língua/linguagem no ensino de português, considerando o que se convencionou chamar de “formação para a cidadania” na educação básica. As indagações que tomo como ponto de partida são: De que maneira a dimensão ética pode ser contemplada nas práticas de reflexão sobre língua/linguagens currículo de língua portuguesa, considerando-se as TICs? De que maneira tal dimensão pode ser articular ao componente curricular Linguagem(ns)?
Assista ao vídeo da mesa redonda: https://gel.org.br/eventos/seminario-2024/mesa-redonda-3-multiletramentos-tecnologias-e-ensino