Ótimo trabalho, visto que o objetivo do painel é elucidar sobre o assunto de uma forma mais introdutória, espera-se que não tenha espaço para colocar todas referências possíveis, contudo percebe-se que foram feitas as pesquisas com base no material bibliográfico disposto, visto a forma a qual nos foi apresentado. Parabéns pela abordagem, e sucesso nas pesquisas futuras, tema de extrema importância para entendermos melhor o sistema social que envolve a fala do capixaba.
Olá, Ana e orientadoras, o trabalho de vocês é muito atual e interessante, por utilizar memes e por trazer, de certo modo, a discussão da terceira onda. Atualmente, na minha tese desenvolvo um estudo sobre estilo sob o arcabouço da abordagem Speaker Design. Porém, não desprezo estudos já realizados em comunidade de fala, uma vez que são muito importantes para entendermos o amplo espectro da variação linguística. Como citado no resumo, Gomes (2017) traz a baila a discussão das ondas e como o próprio título diz "para além das ondas" . A autora ressalta que para se compreender o significado social é importante um olhar interdisciplinar, ou seja, devemos olhar tanto questões macrossociais, quanto micro. Sendo assim, é salutar trazer estudos já elaborados no Espírito Santo como base, mesmo que esses não estejam circunscritos na mesma onda de análise, a saber: Yacovenco et al (2012 https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/4946). Abordagens mais novas tem ganhado destaque no grupo Portvix, como, por exemplo, as pesquisas sobre estilo de Scardua & Scherre (2017); Yacovenco & Massariol (2017) e Dias (2021). Não obstante, os estudos desenvolvidos atualmente por Tesch (2020, 2021) sintonizam com os utilizados neste painel e são muito conhecidos no cenário capixaba , através da mídia local (https://globoplay.globo.com/v/9460542/ ) e nacionalmente, por meio do GT de sociolinguística. O diálogo acadêmico é muito importante, pois, dessa forma, conseguimos compreender melhor nossos objetos de estudos, me coloco a disposição caso queira ter acesso ao material, alguns já deixei disponível o link.
Esse tema é realmente muito interessante e pertinente! Inclusive, cabe destacar o projeto de Pós-Doutorado "O sotaque capixaba: um estudo de percepção" que foi realizado pela professora Doutora em Linguística da UFES Leila Maria Tesch. Na apresentação do I Webinar do PPGEL /UFES realizado em 11 de novembro de 2020, tivemos a oportunidade de ver a pesquisadora capixaba apresentar sobre as "Metodologias e estratégia de coleta de dados na investigação Sociolinguística", em que ela exibiu o seu estudo de percepção acerca do sotaque capixaba. Na apresentação do XXXV Encontro Nacional da ANPOLL - ENANPOLL - Letras ao Norte: Linguagens e Pós-Graduação em Chão Vermelho, para o GT de Sociolinguística em 11 de dezembro de 2020, Tesch compartilhou o trabalho "Perfis do Instagram de dicionários capixabas: Análise de traços identitários" em que desenvolveu também, análises de memes sobre o sotaque capixava em páginas da rede social. Deixo como sugestão, a reportagem no programa "Em Movimento" em que a professora Leila divulgou os resultados preliminares da pesquisa sobre percepção do sotaque capixaba. Link:https://globoplay.globo.com/v/9460542/ (exibido em 24 de abril de 2021).
Muito interessante seu trabalho, Ana Clara. O tema é muito atual e traz à tona uma questão sempre muito discutida: afinal, o capixaba tem ou não sotaque? Seria legal você dialogar com o trabalho da professora Leila Maria Tesch, aí da Universidade Federal do Espírito Santo. Ela vem, já há algum tempo, abordando essa temática, desenvolvendo seu pós-doc sobre o assunto, e até já concedeu entrevistas em programas locais, como o Em Movimento, falando sobre a variedade utilizada pelos moradores do Espírito Santo. Caso queira explorar um pouco mais sobre as peculiaridades do falar capixaba, há uma série de trabalhos (ICs, TTCs, dissertações e teses) já realizados e em desenvolvimento, desde os anos 2000, pelo grupo PortVix (YACOVENCO et. al, 2012). São pesquisas, tanto na oralidade quanto na escrita, que abordam diversos assuntos, como a concordância verbal e nominal (LOPES, 2014, 2020; SCARDUA, 2018), o quadro pronominal do português (FOEGER, 2014; CAETANO, 2015, 2017, 2018; MASSARIOL, 2018; SOUSA, 2018), a expressão do futuro do presente e do futuro do pretérito (TESCH, 2007, 2011), o uso do objeto direto anafórico (BERBERT, 2015), a redução fonética do item estar (PINHEIRO, 2019), entre muitos outros. Há, como você mesma disse, muito o que ser investigado, mas também já existem diversas investigações linguísticas feitas em terras capixabas. Vale a pena, para você e suas orientadores, conferir, prestigiar e dar os devidos reconhecimentos aos trabalhos do grupo PortVix, que, há mais de 20 anos, exploram o português falado no solo espírito-santense.
Obrigada pelas considerações, Marco Antônio. Quanto à problematização apontada, acredita-se que um dos motivos para que este assunto de interesse público local ("capixaba tem sotaque?") seja polêmico repousa sobre a questão da (percepção de) identidade capixaba – identidade frente ao cenário nacional e frente à própria comunidade local: quem somos nós para nós e para os outros? Acredita-se que depreender, de discursos diversos, pistas sobre como nos representamos e como nos representam seja relevante para a compreensão do tema em tela. Além disso, acredita-se que, para compreender por quê o imaginário social (do capixaba e do não capixaba), quanto a essa questão, não é estandardizado (tal como é o imaginário sobre os sotaques mineiro, paulista, carioca, gaúcho etc.), é preciso analisar múltiplas variáveis, considerando desde a história geográfica, étnica, política e sociocultural do Estado, passando por questões de representatividade política, cultural, turística, etc. do Espírito Santo no cenário nacional, até chegar a questões linguísticas propriamente ditas da região, sendo essas ainda vistas sempre em discursos específicos. Todos esses aspectos estão no rol de tópicos a serem investigados em trabalhos futuros, pelo nosso grupo de pesquisa, a fim de se produzir conhecimento, de modo mais específico, sobre as práticas de linguagem da sociedade capixaba, e, de modo mais geral, sobre a cultura capixaba.
Parabéns pelo trabalho, tem uma temática pertinente e bastante atual. Uma reflexão: considerar os memes para uma análise linguística tem sido cada vez mais recorrente e necessário, o que só mostra o quanto esse gênero possibilita pensar as mudanças que acontecem na língua e as possíveis (ou não) estabilizações a partir do digital. Nesse sentido, trata-se de observar e questionar os tecnodiscursos (Paveau, 2017) para a (re)produção e (res)significação de sentidos já estigmatizados na sociedade. Observar, assim, o sotaque do capixaba torna-se um ponto importante porque parte da ressignificação que cada sujeito promove diante da materialidade que se impõe, imprimindo certos imaginários ora conhecidos e reverberados, ora pouco difundidos. Diante de tudo isso, como é pensar o sotaque capixaba nessa "disputa" de sentidos promovidos pelos memes, isto é, por que podemos problematizar esse litígio acontecendo entre aqueles que consideram haver o sotaque e aqueles que o não consideram? Obrigado.
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