Neste trabalho apresento indagações sobre como a teoria inatista ramifica a conceituação de processos linguísticos, como as afasias. Considerando que, todas as línguas possuem certas características universais e algumas diferenças entre si, distúrbios da linguagem surgem para trazer à reflexão questões sobre as relações entre a afasia e a aquisição da linguagem. Afunilando teorias para estudarmos estes fenômenos, o embasamento Chomskyniano é imprescindível para destrinchar a relação entre cérebro/mente e a linguagem humana. Ao apresentá-la como uma propriedade elementar e concomitante a uma propriedade biologicamente única, as propriedades da língua se tornam abstratas e complexa. Abrindo esta lacuna, Chomsky elabora a Gramática Gerativa Transformacional, com princípios e indagações, apurando como a intuição do falante é produtiva em definir (a)gramaticalidade de sentenças e a possibilidade de gerar uma infinidade de construções sintagmáticas com um número limitado de regras. As características da aquisição da linguagem desfavorecem a ideia de que este processo se dá pela transmissão de estruturas linguísticas externas para que a criança se apodere delas. Há evidências que mostram que o ambiente linguístico da criança apenas ativa estruturas que já são de posse da mesma. Portanto, a teoria inatista para a aquisição da linguagem corrobora-se ao identificar que o conhecimento do falante não está num objeto concreto do mundo, e sim em algo que existe de forma abstrata no cérebro. A gramática gerativa diverge das outras teorias ao sugerir que o que é essencial à linguagem é a sua recursividade, isto é, o fato de que com elementos finitos é possível gerar frases infinitamente. Temos aqui uma observação sobre os casos de afasias que, distintamente do processo de aquisição em crianças, o afásico pode estranhar sua produção gramatical e entender que ela está errada, mas é incapaz de corrigir. Os processos linguísticos cognitivos também regridem de tal forma que, se desfazem e deixam ver o que escondiam, uma espécie de retorno desses primeiros momentos da aquisição da língua. Quando operamos com uma perspectiva gramatical para analisar, categorizar, e posteriormente reorganizar as dificuldades de linguagem manifestadas pelos afásicos, consideramos que as síndromes afásicas dizem respeito à estrutura biológica da linguagem, afetando sobretudo o conhecimento linguístico anteriormente utilizado e processado, e agora difícil de ser acessado pelo sujeito afásico. O ponto é que ela evidencia a busca dos mecanismos para estudar como são usados de forma criativa, assim como nas ideias cartesianas: sem limites finitos e não determinada pelo estado interior.