Objetivos: A presente pesquisa tem como objetivo analisar como questões relativas à transitividade verbal são abordadas e discutidas por diferentes livros didáticos aprovados pelo PNLD e usados no ensino regular, principalmente quanto a descrição do argumento verbal: objeto indireto. Com base e análise da BNCC, documento que estabelece um ensino de gramática articulado com as práticas linguísticas visando a reflexão sobre o funcionamento da língua portuguesa, objetivamos aprofundar a discussão sobre as abordagens no ensino do fenômeno da transitividade. Assim, a investigação tem a finalidade de (i) delinear a forma que os materiais didáticos abordam a transitividade em contraste com as abordagens linguísticas e tradicional; (ii) analisar quais são os tipos de argumentos verbais descritos nesses materiais quando da abordagem do tema da transitividade, e quais traços são concedidos ao OI; e, (iii) examinar que recursos teóricos e/ou práticos os livros escolares utilizam no ensino das questões relacionadas à transitividade.
Referencial teórico: A pesquisa é fundamentada na linguística funcionalista e em sua visão sobre o fenômeno transitivo, e o ensino de gramática. Ademais, a pesquisa é desenvolvida de forma contrastiva entre a abordagem das gramáticas tradicionais, gramáticas pedagógicas, e abordagem linguística sobre transitividade. Inicialmente, no estudo das abordagens, notamos que as GTs, as quais os livros didáticos normalmente seguem, restringem sua explicação ao critério sintático na descrição da transitividade, classificando o OI com um único critério, a presença de preposição. Por sua vez, a abordagem linguística, especialmente num viés funcionalista, sugere um estudo da língua centrado no uso (CUNHA, 2015), assim apresenta um estudo da transitividade e dos argumentos do verbo através de todos os aspectos que fundamentam a construção da língua: o sintático, o semântico, o pragmático, e o discursivo.
Resultados: No desenvolvimento da pesquisa, realizou-se um exame crítico dos livros didáticos elegidos e das abordagens gramaticais por eles apresentadas. Logo, por meio do levantamento de dados desses materiais, relativos à transitividade e as propriedades do OI, e em seu contraste com pesquisas linguísticas, verificou-se a falta de um estudo contextualizado e articulado com a práticas linguísticas; como também de uma discussão sobre o valor semântico do OI. Além disso, observou-se que o ensino da transitividade de modo descontextualizado, junto com a ênfase na associação do OI exclusivamente à presença de preposição, possibilita o fortalecimento nos alunos da percepção de que o ensino de gramática está relacionado a um exercício de memorização e não de reflexão.